Conheça algumas das possíveis origens de uma das datas comemorativas mais importantes do ano
Se alguém perguntar o que é que celebramos no Natal, caso você seja cristão, a sua resposta será “o nascimento de Cristo”, não é mesmo? No entanto, existe um consenso entre os historiadores de que Jesus provavelmente não tenha nascido em dezembro — aliás, ninguém sabe ao certo quando foi —, e os cristãos antigos nem sequer celebravam essa data. Então, de onde é que surgiu o costume de festejar o Natal no dia 25 de dezembro?
De acordo com os estudiosos, as celebrações em dezembro provavelmente tiveram início em algum momento do século 2, na antiguidade greco-romana, e a escolha da data — 25 — teria diversas possíveis origens. Uma delas seria obra do historiador Sextus Julius Africanus que, por alguma razão, teria estabelecido a data da concepção do menino Jesus no dia 25 de março, ou seja, na data da criação do mundo. E, contando nove meses até o seu nascimento...
Paganismo
Outra explicação seria uma celebração romana pagã anterior ao cristianismo e que ocorria exatamente no dia 25 de dezembro. Esse festejo era chamado Natalis Solis Invictus, e marcava a volta dos dias mais longos depois do solstício de inverno. Além disso, ele ocorria logo após a Saturnália, outra festividade muito popular na Roma antiga durante a qual a população participava de festas e banquetes e ocorriam trocas de presentes.
Mais um festival comemorado durante datas próximas — no dia 21 de dezembro — era o Yule, dos povos nórdicos, que assim como o Solis Invictus dos romanos, também marcava o retorno do Sol. Durante as celebrações, grandes fogueiras ardiam para simbolizar as novas colheitas e os grandes rebanhos que seriam consumidos no próximo ano, além de representar as novas conquistas a serem alcançadas.
O dia 25 de dezembro também marcava a comemoração do aniversário de uma divindade chamada Mitra, que era um conhecido deus de luz e lealdade que, na época, era muito popular e largamente cultuado pelos soldados romanos. Para muitos, essa inclusive era a data mais sagrada de todo ano!
De qualquer forma, o final de dezembro era a época ideal para a realização de festejos por toda a Europa. Com o frio do inverno e os dias mais curtos, a população não tinha muito com o que se ocupar. Nessa época do ano, a cerveja e o vinho já estavam fermentados e prontos para o consumo e, para não ter que alimentar os rebanhos durante esses meses, grande parte dos animais era abatida. Assim, por que não organizar grandes banquetes?
Política
Formalmente, a igreja romana só foi celebrar o Natal mesmo na data que conhecemos hoje no século 4, durante o reinado do Imperador Constantino, o responsável por transformar o cristianismo na religião oficial do império. Até então, a principal festividade cristã era a Páscoa. Acredita-se, aliás, que a escolha da data — que coincidia com outras celebrações — foi proposital, e tinha como objetivo enfraquecer os festejos pagãos pré-estabelecidos.
Ainda assim, a celebração no dia 25 de dezembro não foi aceita assim, de uma hora para outra! Durante muito tempo, o dia 6 de janeiro era a data adotada e o Natal só foi ser aceito como grande festival cristão a partir do século 9. Isso porque, na antiguidade, conforme o cristianismo foi se espalhando pela Europa, ele foi se deparando com vários credos regionais.
Isso sem falar que os antigos missionários se sentiam fascinados por muitas das tradições pagãs, portanto muitos costumes acabaram sendo incorporados aos dos cristãos. Já o formato que conhecemos hoje, com troca de presentes e tal, só começou mesmo há pouco mais de um século. Originalmente, a troca de presentes ocorria no ano novo, para que todos se sentissem bem pelo ano que estava acabando. O costume foi mudado para o dia de Natal durante a era vitoriana.
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Como você viu, a celebração do nascimento de Cristo nada tem a ver com a data do aniversário de Jesus. O Natal é, na verdade, uma enorme e curiosa mistura de tradições e crenças pagãs que foram sendo adotadas e incorporadas pelos cristãos ao longo dos milênios, resultando em uma incrível mistura de costumes, que culminam em uma data escolhida a dedo por motivos políticos.
E nem vamos começar a falar sobre a triste transformação que o significado dessa festa sofreu, virando sinônimo de compras desenfreadas, muito consumismo e excessos.